Sobre o Blog

Blog criado por alunos do curso de administração da PUC Minas em Betim com o objetivo de expor os problemas, os desafios e projetos para a gestão sustentável nas empresas.

domingo, 10 de junho de 2012

GESTÃO E PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS NA



Fichamento eleborado por: André Alexandre de Oliveira


Disponível em:
http://rae.fgv.br/rae/vol52-num2-2012/gestao-praticas-socialmente-responsaveis-na-cooperacao-agricola
















Introdução
“Segundo a definição apresentada, em 1987, no relatório
Brundtland da Comissão das Nações Unidas
sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, o desenvolvimento
sustentável consiste em “satisfazer as
necessidades atuais sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de satisfazer as delas”. Na escala
empresarial, os imperativos do desenvolvimento
sustentável comprometem a responsabilidade social
da empresa (RSE). A RSE pode ser definida como “a
integração voluntária das preocupações sociais e ecológicas
das empresas nas suas atividades comerciais
e nas suas relações com as partes interessadas” (Comissão
das Comunidades Europeias, 2001).”
“O objetivo das empresas da economia social é
maximizar o serviço oferecido aos seus associados, e
não a rentabilidade do capital. Isso se traduz por uma
concepção mais aberta da gestão da empresa, por meio
da adoção de princípios de funcionamento destinados
a afirmar a prioridade dos indivíduos sobre o capital.
Os membros, que se associam voluntariamente a um
projeto de utilidade coletiva, possuem o mesmo poder
de decisão, independentemente da sua participação
no capital (uma pessoa, uma voz). A remuneração do
capital é limitada nas cooperativas e é proibida nas
associações e fundos de pensão. Além disso, a maior
parte do lucro deve ser obrigatória e definitivamente
destinada à empresa. Podemos, então, nos perguntar
se essas regras de gestão propiciam o surgimento de
«um valor social agregado» (Jeantet, 1999).”(p.194)(da revista)






Identificação das partes
interessadas da cooperação
agrícola
“A teoria das partes interessadas tem a sua origem nos
trabalhos de Berle e Means (1932). Segundo eles,
existe uma pressão social exercida sobre os dirigentes
para que eles assumam as suas responsabilidades
junto àqueles cujo “bem-estar pode ser afetado pelas
decisões da empresa”. Berle e Means (1932) antecipam
uma gestão de empresa que vai equilibrar
“os interesses dos diferentes grupos da comunidade”.
Bowen (1953), considerado como o iniciador da
RSE, insiste, por sua vez, sobre as obrigações morais
e sociais incumbidas à empresa. Ela deve tomar suas
decisões “de modo coerente com os valores da sociedade”
(Mercier, 2004). “
“Então, a teoria das partes interessadas foca a sua
atenção no estudo das relações que a empresa mantém
com suas diferentes partes interessadas. Segundo a natureza
da relação estudada, surge uma acepção mais ou
menos extensa da noção de parte interessada. Certos
autores limitam o seu interesse aos atores diretamente
implicados no sucesso econômico da empresa. Assim,
Hill e Jones (1992, p. 113) consideram exclusivamente
os participantes que detêm um direito legítimo sobre
a empresa. Na mesma linha, Clarkson (1995) distingue
as partes interessadas voluntárias, que investem uma
forma de capital (humano ou financeiro) na empresa,
das partes interessadas involuntárias, que desempenham
um papel passivo.”(p.195)





As partes interessadas da cooperação
agrícola
“Devido à sua história, bem como às normas e aos
valores que lhe são aplicados, a cooperação agrícola
constitui um tema de estudo com características muitoespecíficas. A cooperativa inscreve-se no âmbito legislativo
definido pela lei de 10 de setembro de 1947.”
“O associado diferencia-se radicalmente do acionista
(lei de 10.9.1947 e lei de 18.3.1981 sobre a sociedade
cooperativa agrícola):
• “Um homem = uma voz”: a gestão é democrática...
• A não lucratividade individual e a solidariedade intergerações:
as reservas da empresa não podem ser
distribuídas...
• O respeito aos estatutos é traduzido, entre outras,
pela obrigação de subscrever o capital social, de
entregar os produtos...
•A responsabilidade financeira: o associado é financeiramente
responsável por uma quantia equivalente
ao dobro do capital que subscreveu.”(p.195 e 196)





As teorias da gestão de empresa
“Para se estudar a problemática da integração das
expectativas das partes interessadas, podem ser mobilizados
diferentes âmbitos teóricos. Assim, a teoria
da gestão da empresa é definida por Charreaux
(1997) como o estudo do «conjunto dos mecanis-mos que têm por efeito limitar o poder e influenciar
as decisões dos dirigentes, ou seja, daqueles que
‘governam’ a sua conduta e definem o seu espaço
discricionário.
Quando diferentes partes interessadas são implicadas
em uma decisão, cada uma delas vai tentar
fazer adotar-se uma solução adequada às suas expectativas.
A existência de diferentes planos cognitivos
é fonte de inovação, a construção de ideias novas
pode justamente emergir desses diferentes pontos de
vista. Porém, os planos mentais das partes interessadas
interagem sob o efeito de influências sociais
(Moscovici, 1996).”(p.197 e 198)





Gestão cognitiva e influência social
“Os processos cognitivos dos indivíduos desenvolvem-
-se sob a ação de influências sociais. Numerosos trabalhos
clássicos em psicologia social mostram que
os indivíduos evitam adotar posições que se afastam
radicalmente das normas do grupo social (Asch,
1952; Crutchfield, 1955; Schachter, 1951; Schachter
e Singer, 1962; Sherif, 1935).”(p.198)
“A integração das expectativas das partes interessadas
efetua-se segundo essas três modalidades de influências.
As interações entre os planos mentais das partes
interessadas são suscitadas pelas situações que põem
em conflito as expectativas das partes interessadas. No
plano metodológico, a análise sistemática dos resultados
obtidos em relação aos objetivos cria tensões dialéticas
que simbolizam os espaços de debate para as partes
interessadas.”(p.199)








Conclusão
“O modelo de decisão pelas partes interessadas proposto
neste artigo apresenta contribuições de caráter
conceitual e gerencial. No plano teórico, ele permite
ultrapassar os limites tradicionalmente associados à
teoria das partes interessadas (Frooman, 1999). A
introdução do conceito de tensão dialética no centro
do nosso modelo permite não só uma identificação
dinâmica das partes interessadas mas também uma
consideração das relações existentes entre elas.”
“Uma análise da
situação segundo o modelo proposto deveria permitir
ao dirigente estabelecer um diagnóstico e antever as
decisões possíveis, baseadas nas modalidades de influência
de Moscovici. No entanto, a transferibilidade do
modelo proposto precisa ser culturalmente validada,
considerando-se que o modelo proposto neste artigo
foi desenvolvido em um contexto francês, tendo em
conta a legislação e a cultura cooperativa francesas.”(p.201)

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