Avanços e limites da sustentabilidade
social
Quando se fala de
meio ambiente em termos gerais está-se considerando a natureza externa ao ser
humano. Porém, toda a discussão sobre a crise ambiental moderna, e sobre uma
alternativa ambientalmente mais saudável para o desenvolvimento humano, considera
a sociedade humana como fazendo parte do meio ambiente. O próprio conceito de desenvolvimento
sustentável nasceu incorporando à sustentabilidade ambiental uma sustentabilidade
social e econômica.
A consciência da
crise ambiental moderna se consolida, no final da década de 60 e começo da écada
de 70, onde apontou-se para a necessidade de se rediscutir o desenvolvimento,
devido aos danos que ele próprio estava gerando sobre a natureza externa.
Apesar de existirem
dezenas ou talvez centenas de definições de desenvolvimento sustentável, quando
essas definições são analisadas e explicadas, na maioria dos casos, os aspectos
sociais e econômicos da sustentabilidade sempre complementam os da
sustentabilidade ecológica.
A tridimensionalidade
da sustentabilidade é atrativa e parece abranger os diferentes setores nos
quais o desenvolvimento capitalista deve focar sua atenção.
Sustentabilidade
ecológica diz respeito a um certo equilíbrio e manutenção de ecossistemas, à
conservação de espécies e à manutenção de um estoque genético das espécies, que
garanta a resiliência ante impactos externos.
O conceito de
sustentabilidade econômica começa a complicar a análise da sustentabilidade. Porém,
como o crescimento ilimitado é intrínseco à dinâmica capitalista, defender tal
postulação seria o mesmo que negar o capitalismo sem ter o que colocar no
lugar. Para as vertentes mais brandas da economia ecológica, e para os
economistas ambientais, bastaria corrigir os processos produtivos para obter um
desenvolvimento capitalista sustentável (PEARCE; TURNER, 1995). Basicamente, seria
o caso de substituir crescentemente os recursos naturais não-renováveis por renováveis,
e de diminuir também crescentemente a poluição.
Por sua vez, o
conceito de sustentabilidade social é, talvez, o que tem gerado maiores
polêmicas teóricas, e cujo conteúdo mais tem mudado durante os últimos trinta anos.
Um estudioso da evolução do conceito de desenvolvimento sustentável coloca a
diferença entre sustentabilidade social e sustentabilidade ecológica como o
grande problema conceitual. “Differentiating
between ecological and social sustainability could be a first step toward
clarifying some of the discussion.” (LÉLÉ, 1991, p. 615).
Além das vozes de
denúncia da sustentabilidade social como meio e não como fim, o que têm de
comum essas formas de considerar a sustentabilidade, seja ecológica,social ou
econômica, é sua perspectiva técnica. Isso é de extrema importância porque diz respeito
ao fato de reduzir a polêmica sobre desenvolvimento sustentável às mudanças dentro
do sistema capitalista.
Durante os últimos
trinta anos, a questão da sustentabilidade social teve como eixo central a
pobreza e o incremento populacional. Reduzir a pobreza e limitar o crescimento populacional
eram os objetivos de qualquer programa de sustentabilidade social. Obviamente, questões
como eqüidade, qualidade de vida, etc., estavam presentes, porém, aqueles eram os
temas centrais em nível mundial. Como o incremento populacional está
diretamente atrelado à pobreza, já que são os pobres que se reproduzem a taxas
elevadas, a pobreza era sempre a questão hegemônica.
Tendo como ponto de
partida essas reflexões críticas, a hipótese do duplo caminho coloca a
necessidade de definição de políticas públicas dirigidas a combater a pobreza
em diferentes frentes simultaneamente, como: políticas de emprego, moradia,
educação, etc.
Apesar dos
importantes avanços tanto no âmbito teórico quanto em sua implementação
prática, o desenvolvimento sustentável continua basicamente atrelado a um
desempenho técnico, dentro das regras do jogo do sistema de mercado
capitalista, sem atingir nem questionar as relações de propriedade e
apropriação capitalistas, que geram pobreza, diferenciação social e injustiça.
Escrito por: Phillipe Bruno Magalhães Barros
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FOLADORI, G. Avanços e Limites da Sustentabilidade Social, Revista Paranaense de Desnvolvimento, 2002 Acesso em: 09/06/2012
Disponível em: http://www.ipardes.pr.gov.br/ojs/index.php/revistaparanaense/article/view/214
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