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Blog criado por alunos do curso de administração da PUC Minas em Betim com o objetivo de expor os problemas, os desafios e projetos para a gestão sustentável nas empresas.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O debate da sustentabilidade na sociedade insustentável


                                                              Introdução

Especificamente, sistematiza e problematiza o debate recente sobre a relação  entre desenvolvimento e meio ambiente,se detendo sobre tópicos como: os fundamentos críticos ao modelo de desenvolvimento  econômico dominamente  no mundo ocidental e difundido para o terceiro mundo no pós segunda guerra; a construção do conceito de desenvolvimento sustentável; as principais interpretações da crise sócio-ambiental dentro do pensamento ambientalista mundial e sobre avaliações dos avanços,limites e dilemas da nova concepção  de desenvolvimento.O objetivo é resgatar a discussão crítica sobre a questão ambiental que se reveste de singular complexidade e lança ameaças ao destino da espécie, no longo prazo, caso não se formulem respostas adequadas aos desafios colocados.
                                       Diferentes tendências no pensamento ambiental
Conforme o número de pessoas, grupos e instituições a reconhecer a legitimidade da questão ambiental e a defender sua inclusão na agenda dos assuntos socialmente prioritários. No entanto, se algum consenso já existe sobre pontos elementares, o mesmo não pode-se afirmar sobre as interpretações concernentes á origem e possíveis respostas ao problema.Apesar do risco de simplificação inerente aos processos de classificação, tentar-se-á apresentar uma diferenciação das perspectivas básicas predominantes no pensamento ambientalista.Tem-se, assim,quatro categorias básicas que podem , eventualmente , se ramificar, ampliando o número de variações possíveis.O antropocentrismo pode ser resumido como a tendência ético-filosófica que percebe o ser humano como centro e senhor da existência,num sentido em que todo o resto dos seres e processos orgânicos e inorgânicos adquire valor comparativamente ao homem e à utilidade que possam lhe proporcionar.O biocentrismo,contrariamente,nega o antropocentrismo e defende uma relação de valor intrínseco à natureza,desvinculando de conotações utilitárias.Assim,segundo a classificação,teríamos,em primeiro lugar,a posição eco capitalista que se caracteriza por reunir princípios antropocêntrico e individualistas.Representa a posição econômica  e politicamente dominante dentro do ambientalismo global.Reconhece a questão ambiental como um subproduto indesejável do processo,mas perfeitamente ajustável dentro da ordem capitalista e que dispensa quaisquer mudanças mais profundas.Sinteticamente,alguns ajustes demográficos e tecnológicos seriam suficientes para superar o problema.Compreende o enfoque de mercado , que julga o livre jogo entre produtores e consumidores capaz de avançar na direção de uma sociedade sustentável.
                                                                  
                                                      A ecologia
Ecologia social reúne características antropocêntricas e coletivistas. São críticos do “status quo” e pensam que os grandes responsáveis são o capitalismo industrial e elementos dele decorrentes, ou mesmo inerentes, como a desigualdade social e política,a razão instrumental, a ética individualista e o gigantismo das soluções econômicas e tecnológicas.
 seguinte refere-se aos ecocêntricos, ou biocêntricos de tendência individualista. Para os representantes desta tendência a natureza tem valor intrínseco independentemente da utilidade que tenha para o homem. Defendem a igualdade de todas as espécies, dentro da comunidade biótica e uma nova ética que substitua os valores antropocêntricos. Dispensam pouca atenção às questões sociais e políticas, sendo mais tendentes a uma visão espiritualista, onde a natureza assume uma importância central. Também conhecidos como fundamentalistas, deep ecology (ecologia profunda) pelo radicalismo de suas posições e pelo combate a outras correntes ambientalistas que consideram superficiais.
 O alternativismo reúne movimentos pioneiros no ambientalismo, que inclui pacifistas antinucleares, críticos da ciência e do modelo industrial-consumista que vieram desembocar nos movimentos hippies e da contracultura. Os neomalthusianos focalizam sua atenção sobre a questão demográfica, na relação entre crescimento populacional e degradação ambiental e na defesa do controle da natalidade para evitar os problemas ecológicos. Seus expoentes são Garret Hardin e o casal Erlich, que chegam inclusive a sugerir que o terceiro mundo é muito prolífico e, portanto, responsável pelos grandes problemas ecológicos. Discutem, nessa direção, a proposta de suspender qualquer política de ajuda aos países pobres e o congelamento do crescimento populacional como única forma de enfrentar a questão sócio-ambiental.
O resultado insatisfatório, colhido das experiências práticas e das construções teóricas de desenvolvimento econômico, permitiu, através de sucessivas avaliações, o surgimento de novas propostas, que findaram convergindo para a concepção de desenvolvimento sustentável
                            A construção do conceito de desenvolvimento sustentável
Analisar a construção e emergência do conceito de desenvolvimento sustentável é compreender os processos objetivos e subjetivos que levaram à consciência do esgotamento do modelo de desenvolvimento, experimentado nas últimas décadas, e da necessidade de uma nova concepção.
Conforme mencionamos acima, a multiplicação de acidentes e problemas ambientais e a ação do movimento ecológico, sobretudo a partir da década de 1970, compõem uma força crítica aos modelos de desenvolvimento industrial, tanto capitalista, quanto socialista, e despertam uma nova consciência, atenta à dimensão O relatório parte do pressuposto da possibilidade e da necessidade de conciliar crescimento econômico e conservação ambiental e divulga o conceito de desenvolvimento sustentável e um conjunto de premissas que desde então tem orientado os debates sobre desenvolvimento e questão ambiental. Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável é definido como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras também atender as suas. (Guimaraens 1991)
                                A crítica e os dilemas do desenvolvimento sustentável
O conceito de sustentabilidade inova também ao valorizar os problemas das relações norte-sul, e, sobretudo as especificidades dos países pobres, quando relaciona pobreza, riqueza e degradação, quando atenta para as implicações adversas da dívida externa no contexto sócio-ambiental desses países, inclusive reconhecendo a desigualdade norte-sul e a maior responsabilidade relativa dos países do norte na construção de um desenvolvimento sustentável. Registra, ainda, a maior predação relativa dos nortistas e os prejuízos que o seu crescimento trouxe para os países do sul
Do ponto de vista daqueles que criticam o conceito, a ênfase recai sobre suas ambigüidades e contradições, e são muitas as vulnerabilidades apontadas. Pode-se afirmar, para fins de síntese, que os principais  ataques à proposta se ramificam em torno de algumas perguntas essenciais como: a) é realmente possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, no contexto de uma economia capitalista de mercado ? ( ver socialismo adiante); b) Não é o desenvolvimento sustentável apenas uma nova roupagem para uma proposta já superada? ( e neste caso se trataria de mudar na aparência para conservar na essência); c) em não havendo consenso sobre o que é desenvolvimento sustentável e sobre como atingi-lo, qual interpretação será privilegiada, a visão estatista, de mercado ou da sociedade civil ?; Como atingir eficiência econômica, prudência ecológica e justiça social em uma realidade mundo extremamente desigual, injusta, e degradada? como passar da retórica à ação? Estão os países desenvolvidos e as elites das nações subdesenvolvidas dispostas à mudanças e sacrifícios? Podemos apenas especular sobre estas questões, não respondê-las.
Como esclarecimento, é necessário colocar que quando nos referimos aos problemas ambientais das sociedades e economias capitalistas não queremos sugerir que as sociedades socialistas sejam diferentes nesse aspecto.
                                                       Considerações finais
Os maiores desafios se concentram, de fato, no processo de materialização da sustentabilidade, ou seja, na transformação da filosofia e do discurso em ação e realização. Assim, o sonho de uma sociedade sustentável é não só desejável como necessário e o desafio é torná-lo realidade. Nesse processo encontram-se os verdadeiros obstáculos e aparecem as grandes discordâncias sobre como construir um desenvolvimento multidimensional, que integre justiça social, sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica, democracia participativa, ética comportamental, solidariedade e conhecimento integrador. Como fazê-lo? Haverão, certamente várias maneiras de conceber, tanto o desenvolvimento sustentável, quanto o método para realizá-lo. Qual delas será a hegemônica? E na construção do desenvolvimento, o que é prioritário? A economia, a ecologia, a qualidade da vida humana? Que valores orientarão estas escolhas? Existem ainda mais perguntas que respostas , e o tipo de desenvolvimento que teremos dependerá da qualidade das respostas processadas no jogo social entre o mercado, a sociedade civil e o estado.
Ao que parece as respostas a tais perguntas vão depender do nível e da qualidade da consciência pública, de sua percepção da realidade e dos problemas vividos, e de sua capacidade de organização para impulsionar mudanças no sentido de uma sociedade verdadeiramente sustentável. Dependerá igualmente da habilidade dos movimentos sociais, em sentido amplo, em atrair forças, em estabelecer alianças e de liderar um processo que torne a filosofia da sustentabilidade - em seu sentido mais avançado - em uma alternativa real de desenvolvimento social.


Referencias 

Lima, Gustavo F. da Costa Lima. O debate da sustentabilidade na sociedade insustentável. Setembro 1997/p. 201-202.

Almino, João. Naturezas Mortas. Brasília, Fundação Alexandre Gusmão, 1993.

Barros, Flávia Lessa. Ambientalismo, Globalização e Novos Atores Sociais. In: Sociedade e Estado, vol. XI, Brasília, 1996.

Benjamin, Cesar. Diálogo sobre ecologia, ciência e politica. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1993.

Bernardo, Maristela. Impasses Sociais e Politicos em torno do Meio Ambiente. In: Sociedade e Estado. Brasilia 1996.

Por: Natalia Vanessa Martins

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